domingo, 20 de fevereiro de 2011

Carnaval


Conceito e origem. O carnaval é um conjunto de festividades populares que ocorrem em diversos países e regiões católicas nos dias que antecedem o início da Quaresma. Apesar de algumas semelhanças na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.

O termo carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim da Idade Média, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.

A própria origem do carnaval é obscura. É possível que suas raízes se encontrem num festival religioso primitivo, pagão, que homenageava o início do Ano Novo e o ressurgimento da natureza, mas há quem diga que suas primeiras manifestações ocorreram na Roma dos césares. Contudo, o rei Momo é uma das formas de Dionísio — o deus Baco, patrono do vinho e do seu cultivo, e isto faz recuar a origem do carnaval para a Grécia arcaica, para os festejos que honravam a colheita. Sempre uma forma de comemorar, com muita alegria e desenvoltura, os atos de alimentar-se e beber, elementos indispensáveis à vida.

Carnaval no Brasil. Nem um décimo do povo participa hoje ativamente do carnaval no Brasil (ao contrário do que ocorria em sua época de ouro, do fim do século XIX até a década de 1950). Entretanto, o carnaval brasileiro ainda é considerado um dos melhores do mundo, seja pelos turistas estrangeiros como por boa parte dos brasileiros.

Entrudo. O entrudo, importado dos Açores, foi o precursor das festas de carnaval, trazido pelo colonizador português. Grosseiro, violento, imundo, constituiu a forma mais generalizada de brincar no período colonial e monárquico, mas também a mais popular. Consistia em lançar, sobre os outros foliões, baldes de água, esguichos de bisnagas e limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), pó de cal (uma brutalidade, que poderia cegar as pessoas atingidas), vinagre, groselha ou vinho e até outros líquidos que estragavam roupas e sujavam ou tornavam mal-cheirosas as vítimas. Esta estupidez, porém, era tolerada pelo imperador Pedro II e foi praticada com entusiasmo, na Quinta da Boa Vista e em seus jardins, pela chamada nobreza. E foi livre até o aparecimento do lança-perfume, já no século XX, assim como do confete e da serpentina, trazidos da Europa.

As fantasias. O uso de fantasias e máscaras teve, em todo o Brasil, mais de setenta anos de sucesso — de 1870 até início da década de 1950. Começou a declinar depois de 1930, quando encareceram os materiais para confeccionar as fantasias. As roupas de disfarce, ou as fantasias que embelezaram rapazes e moças, foram aos poucos sendo reduzidas ao mais sumário possível, em nome da liberdade de movimentos e da fuga à insolação do período mais quente do ano. 

E foram desaparecendo os disfarces mais famosos do tempo do império e início da república, como a caveira, o velho, o burro (com orelhões e tudo), o doutor, o morcego, diabinho e diabão, o pai João, a morte, o príncipe, o mandarim, o rajá, o marajá. E também fantasias clássicas da commedia dell’arte italiana, como dominó, pierrô, arlequim e colombina — de largo emprego entre foliões e que já não tinham razão de ser, depois que a polícia proibiu o uso de máscaras nos salões e nas ruas.

Na década de 1930, muitas daquelas fantasias ainda eram utilizadas, inclusive com máscaras. Entre elas estavam as de apache, malandro (camiseta de listras horizontais, calça branca, chapéu de palhinha, lenço vermelho no pescoço), dama antiga, espanhola, camponesa, palhaço, tirolesa, havaiana, baiana. 

Aos poucos, os homens foram preferindo a calça branca e a camisa-esporte, até chegar à bermuda e ao busto nu, mas isso só depois da década de 1950; as mulheres passaram às fantasias mais leves, atingindo, depois, o maiô de duas peças e alguns colares de enfeite, logo o biquíni, o busto descoberto.

Bailes de carnaval. O carnaval europeu começou, na rua, com desfiles de disfarces e carros alegóricos; e, em ambiente fechado, com bailes, fantasias e máscaras. O carnaval carioca, certamente o primeiro do Brasil, surgiu em 1641, promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono de Portugal. A festa durou uma semana, do domingo de Páscoa em diante, com desfile de rua, combates, corridas, blocos de sujos e mascarados. Outro carnaval importante foi o de 1786, que coincidiu com as festas para comemorar o casamento de Dom João com a princesa Carlota Joaquina. Mas o primeiríssimo baile de máscaras aconteceu em 22 de janeiro de 1840, no hotel Itália, no largo do Rocio, no mesmo local em que se ergueria depois o teatro e depois cinema São José, na praça Tiradentes, no Rio. A entrada custava dois mil réis, com direito à ceia. 

No entanto, a moda dos bailes carnavalescos em casas de espetáculos só se generalizou na década de 1870.

O carnaval se alastra: surgem "arrastados" em casas de família, bailes ao ar livre, bailes infantis e os pré-carnavalescos, bailes em circos, matinês dançantes. Nos bailes, as danças variavam, de polca e do lundu  a sambas, marchinhas, frevos, entre outros ritmos com todos os participantes cantando, pulando e "fazendo cordão".

No banho de mar a fantasia os foliões cantavam a plenos pulmões as músicas de sua preferência e também aquelas que eram divulgadas por discos e nos coretos municipais animados por bandas de música.. Os blocos e foliões trajavam fantasias de papel crepom e, após desfilarem nas praias, caíam na água, tingindo-a por horas, pois as fantasias de papel desbotavam fortemente. Havia, é claro, outro traje de banho, normal, sob as fantasias de papel.

Batalha de confete e corsos. O confete, a serpentina e o lança-perfume — os três elementos que, entre o início do século e a década de 1950 animaram o carnaval brasileiro de salão — também cooperaram para o maior êxito dos corsos que deram vida ao carnaval de rua. E neste, as batalhas de confete constituíam o momento culminante. A moda do corso, iniciada timidamente logo após a chegada dos primeiros automóveis, atingiria seus momentos de glória entre 1928 e a década de 1940. Consistia o corso numa passeata carnavalesca de carros de passeio conversíveis, de capota arriada, enfeitados de panos coloridos e bandeirolas, conduzindo famílias ou grupos de foliões que se sentavam não só nos assentos mas também sobre a capota arriada, sobretudo as moças fantasiadas de saias bem curtas, cantando ou jogando serpentinas e confetes nos pedestres, que se amontoavam nas beiras das calçadas para vê-las passar. 

Essa gente motorizada brincava também com os ocupantes dos carros vizinhos e, por vezes, com os veículos rodando lentamente, emendavam o cortejo atirando montes de confete e milhares de metros de serpentina que enlaçavam os carros e se acumulavam no asfalto das avenidas a cada noite. O lança-perfume também era usado em profusão, enquanto a confraternização com os pedestres se ampliava não só através dos jatos de lança-perfume — o que abria caminho para conhecimentos mais íntimos, namoricos etc. — como também de caronas momentâneas na disputa de músicas entoadas por uns e por outros. Cada cidade possuía seu local de corso, e o do Rio de Janeiro ocorria, principalmente, na avenida Rio Branco (antiga avenida Central), mas a certa altura, em vários carnavais o corso se prolongava à avenida Beira-Mar, atingindo o Flamengo e Botafogo até o Pavilhão Mourisco, no final da praia.

Escolas de samba. As "escolas de samba" nasceram de redutos de diversão das camadas pobres da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade negros. Reuniam-se para cultivar a música e a dança do samba e outros costumes herdados da cultura africana, e quase sempre enfrentavam ostensiva repressão policial. Para a formação desses redutos contribuiu decisivamente a migração de populações rurais nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século XIX, introduziram um mínimo de organização e de sentido grupal ao carnaval carioca, até então herdeiro do entrudo português.
No entanto, a denominação "escola" só vai surgir em 1928, com a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio. Ismael Silva (1905-1978), seu fundador, explicava o termo como decorrência da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os sambistas locais serem tratados de "professor" ou "mestre". Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido coreográfico e sem qualquer caráter competitivo. Com o tempo, transformam-se em associações recreativas, abertas, cuja finalidade maior é competir nos desfiles carnavalescos, transformados em atração máxima do turismo carioca. De tal forma agigantam-se, que seus encargos — a partir da década de 1960 — equivalem aos de uma empresa, o que as obriga a funcionar por todo o ano, promovendo rodas de samba e "ensaios" com entrada paga.
O carnaval pode ser considerado no Brasil a maior festa popular da atualidade, que apresenta uma história que é desconhecida pela grande maioria dos brasileiros.


Agora é a sua vez!


Enriqueça esse texto escrevendo sobre o que você conhece da história do carnaval em Cachoeiras de Macacu.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Surrealismo

A Persistência da Memória, 1931.
Salvador Dali

O Surrealismo surgiu na França na década de 1920. Foi um movimento artístico significativamente influenciado pelas teses psicanalíticas de Sigmund Freud, que mostravam a importância do inconsciente na criatividade do ser humano.

De acordo com Freud, o homem devia libertar sua mente da lógica imposta pelos padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade, e dar vazão aos sonhos e as informações do inconsciente.


A publicação do Manifesto Surrealista, feito pelo poeta e psiquiatra francês André Breton, em 1924, marcou o início do Surrealismo.

A melhor representação do estilo pode ser observada na pintura. Através da tela e das tintas, os artistas plásticos com suas emoções e seu inconsciente, representavam o mundo concreto.

Dadaísmo

Observe com atenção a imagem abaixo. O que parece ser?

A fonte. 1917.
Marcel Duchamp

E essa outra representação?
L.H.O.O.Q. 1919
Marcel Duchamp

E agora?
Roda de bicicleta, 1913.
Marcel Duchamp

Essas três obras fazem parte do estilo artístico denominado Dadaísmo.



O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna iniciada em Zurique, em 1916, no chamado Cabaret Voltaire, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão e que era liderado por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.


Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um bebê). Os escritores que criaram esse estilo, acreditavam que uma sociedade que podia produzir algo tão horrendo como a Primeira Guerra Mundial era uma sociedade malígna, cuja filosofia e cultura deveriam ser completamente destruídas porque estava social e moralmente falidas.


Os dadá dispuseram-se a destruir a arte institucionalizada de várias maneiras. Apanhavam objetos de uso cotidiano e apresentavam-nos como objetos artísticos, expondo-os.


O Dadaísmo conseguiu, certamente, provocar escândalo, mas, no aspecto positivo fazendo as pessoas olharem para imagens de um modo diferente. As pinturas e os objetos dadá forçaram o observador a questionar realidades aceitas e a reconhecer o papel do acaso e da imaginação.



Retorne a primeira imagem, porque você acha que o Duchamp deu como título "A Fonte"?
(Escreva sua resposta no comentário)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um breve resumo da evolução do Cinema Brasileiro

O cinema brasileiro tem inicio na útima década do século XIX, com a produção de um curta-metragem com imagens da Baia de Guanabara. Em verdade, os primeiros anos do cinema no Brasil foram conturbados, uma vez que o fornecimento de energia elétrica era bastante precário, o que tornava difícil a exibição das fitas. As películas exibidas nessa época assemelhavam-se bastante com as de outros paises, baseando-se em documentários com imagens de teatro, paisagens e animais.
A “Bela Época” do cinema brasileiro ocorre no início do século XX, mais precisamente entre 1905 e 1923, quando foram realizados os primeiros filmes de ficção, muitos baseados em óperas, trazendo a moda do “cinema cantado”, no qual os artistas iam para a parte de trás da tela e acompanhavam as imagens com a voz.
Até então, essas produções se limitavam ao Rio de Janeiro e a São Paulo, porém, a partir de 1923, começa a se estender para outros centros, como Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Dessa época ganha destaque aquele que foi considerado o primeiro grande cineasta do Brasil, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), com obras em parceria com o fotógrafo italiano Pedro Comello, como “Os três irmãos”, de 1925, e “Na primavera da vida", de 1926.
Em 1930, idealizada por Adhemar Gonzaga, é fundada no Rio de Janeiro a Cinédia, o primeiro estúdio cinematográfico do país, e com ele as Chanchadas, filmes carnavalescos de apelo popular e sátiras de filmes hollywoodianos. Logo depois, surge a Atlântida, que, além de consolidar o gênero, lançou nomes como Oscarito, Zé Trindade e Grande Otelo.
Até meados dos anos 1950, as Chanchadas dominaram o mercado cinematográfico, mais precisamente até a metade da década, quando em São Paulo, surge a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que começa a produzir filmes com histórias mais elaborada, renegando a Chanchada, dando início ao movimento do cinema industrial paulista, que não obteve o sucesso esperado. O Brasil não tinha dinheiro nem qualificação técnica para fazer cinema nos moldes norte-americanos. Era preciso fazer um cinema “genuinamente brasileiro”, com temática brasileira, para que os brasileiros se vissem e se identificassem nas telas. O sonho não tardou a se realizar.
No final desta década de 1950 e no início da década seguinte, inaugura-se o mais importante movimento do cinema brasileiro: o Cinema Novo, inspirado na Nouvelle Vague Européia, cujo lema “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” mostrava que os idealizadores deste movimento tinham como objetivo trazer à tona os problemas políticos e sociais do país, como no filme “Vidas secas”, 1963, de Nelson Pereira dos Santos.
Considerado o grande cineasta desse movimento, Glauber Rocha tem como maior característica a estética experimental em seus filmes, opondo-se aos padrões do cinema norte-americano. A década de 60 pontua também o início da carreira internacional do cinema brasileiro com o filme “O pagador de promessas”, 1962, de Anselmo Duarte, que conquistou a “Palma de Ouro” em Cannes e concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Os anos que se seguiram forma marcados por um regime ditatorial, que censurou diversas obras impondo limites político-ideológicos. Nesse contexto, nasce o “Cinema Marginal”.
 As décadas de 70 e 80 apontam também para uma política estatal do fomento ao cinema, através da Embrafilme. Nasce as pornochanchadas, gênero de histórias pouco elaboradas que ganhou grande popularidade devido ao forte apelo erótico. Essa era uma forma de entreter o público e mantê-lo distante das questões de injustiça social. No início da década de 1990 o cinema brasileiro conheceu a sua pior fase. Durante o governo Collor, a Embrafilme, as leis de incentivo à produção e até mesmo os órgãos encarregados de produzir estatísticas sobre o cinema no Brasil foram extintos. Com isso, o cinema brasileiro entrará num declive de produção quantitativa e qualitativa. A revitalização do cinema nacional no final da década de 90 em diante, promovida pela abertura política e a partir da criação da nova lei do Audiovisual, incentivou a produção de filmes consagrados como “A Guerra de Canudos” e “Zuzu Angel”, ambos de Sérgio Rezende e “Central do Brasil”, de Walter Salles, ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlim e do Globo de Ouro.
(Extraído do fascículo: ENEM Intensivo - Mundo das Artes)